Monday, February 17, 2025

Caminho no meu ritmo, em paz

 Não espero vingança, não guardo rancor,

Desejo amor a quem semeia a dor.

Os caminhos da vida são lições sem fim,

Todos ensinamos, todos aprendem de mim.


Nada se leva, só o que se dá,

Lembranças deixamos a quem soube amar.

Gritos de raiva não quero escutar,

Na violência só vejo o humano a falhar.


Deixo Deus no comando, Ele há de julgar,

Cada um colhe o que veio plantar.

Se enganar os homens vos parece sagaz,

Tentai enganar Deus… e vereis o que faz.


Falais de perdão com palavras em vão,

Enquanto maltratais os filhos do chão.

Mas a vida vigia, ninguém dorme em vão,

A justiça divina virá na sua mão.

Tuesday, February 11, 2025

Pai o nome que nunca te chamamos

 Pai, O Nome Que Nunca Chamámos


Chamam-te pai, mas o que és para mim?

Um vulto no tempo, um nome sem fim.

Foste ausência, foste um adeus sem som,

Uma promessa quebrada antes do tom.


Onde estavas quando o mundo caiu?

Quando a dor nos moldou, quando o frio nos vestiu?

Esperávamos cartas, um rastro de ti,

Mas foste silêncio, foste o nada aqui.


Nova vida fizeste, como quem renasce,

E nós? Ficámos no rascunho da tua face.

Nem um beijo, nem um toque, nem um olhar,

Afinal, nunca foste um lar.


Se a terra nos tomasse, virias chorar?

Ou seríamos sombras que preferes calar?

Foste covarde, foste o medo a fugir,

E eu? Fui quem aprendeu a não mais pedir.


Se estás no céu, que o vento te leve,

O peso da culpa, o nome que fere.

E o perdão? Não sei se há,

Mas sei que nunca te deixei de chamar… mesmo sem voz para gritar.


Monday, February 10, 2025

A Terra esquerda

 Aqui, onde os vales abraçam o céu,

E as cascatas deslizam como versos de Deus,

Onde a brisa canta entre montanhas e flores,

E o tempo pinta cores que ninguém desfez.


Mas também aqui, onde a terra respira,

O homem sufoca a pureza do chão,

Os rios que um dia foram vida e caminho,

Agora choram veneno e escuridão.


Os cães esquecidos em frias correntes,

São sombras que ladram à solidão,

Enquanto rezam com falsa devoção,

E espalham veneno sem hesitação.


A alegria morreu onde o comboio passava,

O cinema calou-se, a cultura partiu,

Os jovens sem asas, sem palco, sem arte,

Num sítio onde o tempo nunca evoluiu.