Monday, February 10, 2025

A Terra esquerda

 Aqui, onde os vales abraçam o céu,

E as cascatas deslizam como versos de Deus,

Onde a brisa canta entre montanhas e flores,

E o tempo pinta cores que ninguém desfez.


Mas também aqui, onde a terra respira,

O homem sufoca a pureza do chão,

Os rios que um dia foram vida e caminho,

Agora choram veneno e escuridão.


Os cães esquecidos em frias correntes,

São sombras que ladram à solidão,

Enquanto rezam com falsa devoção,

E espalham veneno sem hesitação.


A alegria morreu onde o comboio passava,

O cinema calou-se, a cultura partiu,

Os jovens sem asas, sem palco, sem arte,

Num sítio onde o tempo nunca evoluiu.

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