Pai, O Nome Que Nunca Chamámos
Chamam-te pai, mas o que és para mim?
Um vulto no tempo, um nome sem fim.
Foste ausência, foste um adeus sem som,
Uma promessa quebrada antes do tom.
Onde estavas quando o mundo caiu?
Quando a dor nos moldou, quando o frio nos vestiu?
Esperávamos cartas, um rastro de ti,
Mas foste silêncio, foste o nada aqui.
Nova vida fizeste, como quem renasce,
E nós? Ficámos no rascunho da tua face.
Nem um beijo, nem um toque, nem um olhar,
Afinal, nunca foste um lar.
Se a terra nos tomasse, virias chorar?
Ou seríamos sombras que preferes calar?
Foste covarde, foste o medo a fugir,
E eu? Fui quem aprendeu a não mais pedir.
Se estás no céu, que o vento te leve,
O peso da culpa, o nome que fere.
E o perdão? Não sei se há,
Mas sei que nunca te deixei de chamar… mesmo sem voz para gritar.
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